Introdução:
Para muitas pacientes não é nada constrangedor quando elas são informadas que tem a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). A começar pelo nome, pois a SOP pode ocorrer sem que o exame de ultra-sonografia revele cistos nos ovários e, muitas vezes, temos que excluir varias outras doenças que tem em comum a produção excessiva de hormônios masculinos pela mulher. Além disso, 20% das mulheres normais podem apresentar ovários policísticos, sem nenhuma manifestação clinica ou alteração hormonal, não sendo caracterizadas como portadoras da Síndrome dos Ovários Policísticos.
O Início dos Sintomas.
Geralmente, tudo começa por volta dos 10 a 12 anos, quando os ovários da menina, até então inativos, passam a produzir hormônios em grande quantidade, desencadeando a puberdade e com ela menarca, nome dado a primeira menstruação. ''Nessa época, já se nota uma maior tendencia a ganho de peso. No rosto os efeitos dos hormônios sob a forma de acne e seborréia, características que dão a pele do adolescente aquela aparência oleosa. Tudo isso pode ser normal e desaparecera lentamente, assim que a turbulência hormonal dá lugar às secreções hormonais cíclicas e regulares da mulher adulta'', explica a endocrinologista. De repente, essa regularidade não ocorre e o que é pior, a irregularidade se agrava ao passar do tempo. As menstruações passam a ocorrer de maneira mais espaçadas e irregular, a acne se agrava e aparecem pelos mais escuros, principalmente em áreas ditas androgênicas - rosto, raiz das coxas, linha média do abdome, em volta da aréola mamária - e as proporções corporais não pára de aumentar. Tudo parece comprometer ainda mais a grande instabilidade da adolescente: sua insegurança, sua baixa auto estima, sua rebeldia e sua tão distante imagem corporal ideal.
Critérios Diagnósticos e Incidência.
Fazemos o diagnóstico da SOP quando pelo menos 2 ou 3 critérios abaixo forem positivos em uma adolescentes ou mulher adulta:
1- Infertilidade devido à falta de ovolução.
2- Evidencias clinicas ( acnes, excesso de pêlos corporais, seborréia, quedas de cabelos) e/ou laboratoriais de excesso de hormônios masculinos;
3- Múltiplos pequenos cistos ovarianos vistos através da ultrassonografia pélvica.
'' Logo, a SOP é uma patologia complexa, pois pode estar presente em pacientes com menstruações regulares, sem obesidade; em pacientes sem alterações nos exames hormonais e, ainda, em mulheres sem as manifestações clinicas de excesso de hormônios masculinos'', diz Ellen Paiva.
A incidência da SOP é alta e alcança estatísticas de 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva. '' Muitas não são diagnosticadas pelo fato de terem ciclos menstruais regulares e nenhuma manifestação clinica de excesso hormonal. Menstruam normal e regulamente, mas não tem ovulação. Têm hormônios alterados no sangue e nenhuma manifestação clinica de fato. Nesses casos, exames de sangue e uma ultra-sonografia dos ovários fecham o diagnostico'', explica a endocrinologista. Nos consultórios dos endocrinologistas, dermatologista e ginecologista, elas se queixam de grande dificuldade de perder peso e das alterações clinicas secundarias ao excesso de hormônios masculinos que seus ovários fabricam: acne, queda de cabelo, seborréia, e hirsutismo onde 80% dos casos é causado pelo SOP.
As Complicações Ginecológicas da SOP.
A mais importantes dificuldades ginecológicas das mulheres com o SOP são a dificuldade ovulatórias a infertilidade. Além disso, várias complicações podem ocorrer com essas mulheres quando elas conseguem engravidar, dentre estas, o maior índice de abortamentos, o diabetes gestacional, a hipertensão arterial da gestação e a pré-eclâmpsia. Para todas elas, o tratamento adequado reduz a incidência dessas complicações e quase as igualam ás mulheres normais.
As Complicações Sistêmicas da SOP.
As mulheres com SOP apresentam vários fatores de riscos cardiovasculares, incluindo maior prevalência de obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, alteração de gordura no sangue como elevação dos triglicérides e queda do colesterol bom., o HDL colesterol. Além disso, recentemente, podemos constatar uma maior incidência de doenças no figado em mulheres com SOP., principalmente relacionadas ao acumulo de gordura no órgão: a esteatose hepática e a hepatite gordurosa. Todas essas alterações estão relacionadas a um tipo especial de obesidade, a chamada obesidade visceral ou central, onde temos a impressão de que o tronco engorda mais do que os membros e a gordura se acumula mais no interior do abdome do que no subcutâneo.
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